Nas últimas décadas, o envelhecimento populacional no Brasil avançou rapidamente. Entre os censos do IBGE de 2010 e 2022, a população geral brasileira cresceu 6,4%, enquanto o número de pessoas com 60 anos ou mais aumentou 56% – um crescimento nove vezes maior.
Nesse cenário, doenças relacionadas à idade avançada se tornam mais frequentes, como a demência. A demência é uma síndrome caracterizada pela perda progressiva das funções cognitivas, afetando a independência da pessoa no dia a dia.
É essencial entender que o declínio cognitivo – como esquecimentos frequentes ou dificuldade em realizar tarefas rotineiras – pode estar relacionado a uma doença e não deve ser encarado como uma consequência natural do envelhecimento. Apesar disso, estima-se que 80% das pessoas com demência não estejam diagnosticadas no Brasil. O subdiagnóstico é um grande desafio, mesmo em países desenvolvidos, e está ligado, entre outros fatores, ao desconhecimento da população sobre o tema.
A demência é uma síndrome clínica caracterizada pelo declínio cognitivo em diferentes domínios (como memória, linguagem, atenção, execução de tarefas) que compromete a funcionalidade. Ela impacta não apenas a pessoa afetada, mas também familiares e amigos, além de gerar altos custos para os sistemas de saúde e assistência social, ultrapassando US$ 1 trilhão por ano globalmente. Com o envelhecimento da população, espera-se um aumento no número de casos.
Existem diferentes tipos de demência, sendo a Doença de Alzheimer a mais comum. Outras formas incluem a demência vascular; a demência com corpos de Lewy, que pode causar alucinações e sintomas motores; e a demência frontotemporal, que afeta o comportamento e a linguagem, entre outros. O diagnóstico envolve uma avaliação médica detalhada, que inclui entrevista clínica, avaliação cognitiva e de humor, testes neuropsicológicos, e exames complementares para descartar outras causas de perda cognitiva.
A demência está entre as principais causas de anos vividos com incapacidade e perda de qualidade de vida na população idosa. Além do impacto na saúde, a sobrecarga recai para as pessoas que apoiam no cuidado e familiares, prestados em grande parte por mulheres. No Brasil, grande parte desse cuidado ocorre de maneira informal, prestado por mulheres que são familiares, impactando no seu trabalho para se dedicar algumas vezes integralmente ao familiar com demência.
Para apoiar os cuidadores informais, como familiares que assumem esse cuidado sem vínculo formal de emprego e nunca tiveram orientação, o programa iSupport BR (link abaixo) está sendo testado no Brasil. Ele oferece treinamento online e gratuito para cuidadores informais, ajudando-os a enfrentar os desafios do dia a dia.
O reconhecimento, tratamento e ajustes durante as diferentes fases da doença podem possibilitar uma vida com mais qualidade para quem passa por isso, assim como menor impacto na vida das pessoas que se dedicam ao cuidado.
Esse é um texto autoral.