Lidando com os Sintomas Comportamentais da Demência

Autora: Dra. Lyna Almeida
11/04/2025

Cuidar de um ente querido com transtorno cognitivo, como a Doença de Alzheimer, pode ser desafiador. Compreender os sintomas e saber como manejá-los é essencial para garantir qualidade de vida tanto para o paciente quanto para os cuidadores. A seguir, apresentamos dicas do que fazer e do que evitar ao lidar com as manifestações da doença.

Identificação e Manejo dos Sintomas

Os pacientes com demência apresentam prejuízos progressivos que exigem adaptações constantes da família. O primeiro passo é reconhecer que as alterações de comportamento não são voluntárias, mas decorrentes da doença.

Evite:

  • Atribuir mudanças a birra ou provocação.
  • Tratar o paciente com impaciência ou agressividade.
  • Ignorar ou desistir da comunicação com o paciente.
  • Insistir para que ele execute tarefas que não consegue mais realizar.


Recomenda-se:
  • Estabelecer estratégias que preservem sua identidade e minimizem os efeitos dos sintomas.
  • Criar uma rotina organizada e previsível.
  • Manter um ambiente seguro, limpo, arejado e com boa iluminação.
  • Oferecer auxílio apenas quando necessário, incentivando a independência.


Manejo de Sintomas Comuns


Alterações de Memória: Pacientes podem esquecer eventos recentes e repeti-los com frequência.
O que fazer:
  • Usar calendários, relógios digitais e lembretes visuais.
  • Evitar corrigir ou confrontar o paciente sobre esquecimentos.
  • Criar esconderijos seguros para objetos frequentemente perdidos.


Desorientação Temporal e Espacial: Pode haver dificuldade em reconhecer datas, locais e caminhos familiares.
O que fazer:
  • Incentivar o uso de agendas e alarmes.
  • Monitorar atividades diárias.
  • Nunca permitir que o paciente saia desacompanhado.
  • Ter fotos recentes do paciente para casos de emergência.


Dificuldades de Comunicação: Pode haver troca de palavras, pausas longas e dificuldade em entender frases complexas.
O que fazer:
  • Falar pausadamente e com frases curtas.
  • Manter contato visual e físico.
  • Usar gestos e imagens para facilitar a compreensão.
  • Fazer perguntas simples, que possam ser respondidas com "sim" ou "não".


Alterações Comportamentais: Mudanças de humor, insônia e alucinações são comuns.
O que fazer:
  • Criar um ambiente calmo, evitando ruídos excessivos.
  • Incentivar atividades físicas leves.
  • Evitar confrontos em situações de delírio ou alucinações; redirecionar a atenção do paciente.
  • Comunicar alterações ao médico para avaliação de possíveis ajustes medicamentosos.


Importância do Acompanhamento Geriátrico


A Doença de Alzheimer e outras demências evoluem ao longo do tempo, exigindo ajustes constantes no manejo. Um acompanhamento geriátrico especializado permite:
  • Avaliar a progressão da doença.
  • Ajustar medicamentos e terapias.
  • Orientar cuidadores sobre novos desafios.
  • Melhorar a qualidade de vida do paciente e da família.


O conhecimento é uma ferramenta essencial nesse processo. Quanto mais a família entende sobre a doença, mais preparada estará para lidar com as mudanças e oferecer cuidados de qualidade. O suporte médico especializado é fundamental para garantir o bem-estar do paciente em todas as fases da doença.

Esse é um texto informativo e não substitui consulta médica.



Onde posso ler mais sobre o assunto:
(1) https://abraz.org.br/
(2) https://www.alz.org/br/demencia-alzheimer-brasil.asp
(3) https://www.alzheimersresearchuk.org/free-wills-guide/ (em inglês)